Ivonio Barros Autores(as) africanos(as) e brasileiros(as) serão homenageados(as) em Araxá Patrono do festival literário é o escritor Agripa Vasconcelos Anna Karina de Carvalho - Repórter da Agência Brasil Publicado em 01/10/2025 - 06:45 Rio de Janeiro © Marcelo Del Negri/MPF-RJ Versão em áudio O Festival Literário Internacional de Araxá (Fliaraxá) terá a sua 13ª edição entre esta quarta-feira (1º) e o próximo domingo (5). Este ano, ele traz como autora homenageada a escritora Scholastique Mukasonga (foto), de Ruanda, , referência mundial da literatura contemporânea, ao lado do escritor baiano Itamar Vieira Junior. Ao todo, mais de 40 autores e autoras do Brasil e do exterior participarão da programação, que se organiza em torno do tema Literatura, Encruzilhada e Memória. Entre os nomes internacionais, também figura a escritora Léonora Miano, de Camarões, em mesas que dialogam sobre ancestralidade, democracia, justiça e desafios contemporâneos. O patrono da edição é Agripa Vasconcelos, autor de A vida em flor de Dona Beja, e o autor local homenageado é Fernando Braga de Araújo, conhecido pelo livro Araxá põe a mesa. Entrevista A coordenadora do Fliaraxá, Bianca Santana, conversou com a Agência Brasil sobre a proposta desta edição: Bianca Santana coordenará o Festival Literário em Araxá. Foto: Fernando Rabelo/Divulgação Agência Brasil: Qual o conceito do tema “Literatura, Encruzilhada e Memória” e como ele estará presente no Festival? Bianca Santana: Trata-se de um convite para refletir sobre o encontro entre histórias e autorias. A encruzilhada é ponto de cruzamento de caminhos, saberes e futuros possíveis. A memória é o que sustenta esses caminhos, saberes e futuros. Ao longo do festival, o tema aparece em mesas literárias que discutem obras importantes e temas como ancestralidade, democracia e justiça. A presença de autoras e autores que escrevem a partir de diferentes lugares do mundo e de experiências plurais é também uma encruzilhada. Este tema afirma a literatura como força de encontro e de reinvenção. Agência Brasil: Você é uma mulher, autora e curadora do evento. Como as mulheres estão representadas no conjunto de escritores convidados? Bianca Santana: Temos um compromisso consciente e intencional com a diversidade de gênero e raça. Não só as mulheres são maioria entre os convidados deste ano, como também estão em mesas centrais, tratando de temas fundamentais como memória, política, ancestralidade e democracia. Nossa curadoria trabalhou para garantir que vozes de mulheres ocupem o lugar de destaque na programação, como ocupam na literatura contemporânea. Esperamos que novas gerações de leitoras e escritoras tenham certeza de que a literatura é também nossa. Agência Brasil: Fale sobre a importância de homenagear Scholastique Mukasonga nesta edição. Bianca Santana: Scholastique Mukasonga é uma das principais vozes da literatura contemporânea no mundo. Sua escrita tece mortalhas e constrói túmulos para os que foram mortos no genocídio em Ruanda. Ela nos convoca às profundezas com a força literária de seu testemunho de sobrevivente e escritora talentosa. Homenageá-la é reconhecer sua obra e trazer para o centro do festival uma literatura que trata do trauma, do exílio, da maternidade, da violência e, sobretudo, da dignidade e da resistência. É também reforçar a conexão do Fliaraxá com a literatura mundial, africana e afro-diaspórica. Agência Brasil: Quais os destaques do 13º Fliaraxá? Bianca Santana: É impossível citar apenas alguns nomes diante das grandes autoras e autores que compõem a programação do Fliaraxá. Cada presença foi pensada e repensada a partir de contribuições únicas e valorosas. O destaque é o encontro entre obras, autorias, memória e literatura nesta grande encruzilhada em que estamos. Presença no Rio Após ser homenageada pela 13ª edição do Fliaraxá, Scholastique Mukasonga estará no Rio de Janeiro. No dia 8 de outubro, às 17h30, ela participa de um encontro com leitores na Biblioteca do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB RJ), dentro do Clube de Leitura CCBB 2025. O debate terá como tema o livro A mulher de pés descalços, escolhido em votação aberta pelo Instagram do CCBB do Rio. Nele, a autora relata de forma pungente a experiência das mulheres tutsis durante as lutas fratricidas em Ruanda, que culminaram no genocídio de 1994. Filha da etnia tutsi, Mukasonga vivia na França à época, mas perdeu a família no massacre. O livro é também uma homenagem à memória de sua mãe, Stefania. fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2025-09/autores-africanos-e-brasileiros-serao-homenageados-em-araxa Autores, Notícias (Foto: Juliana Lubini) Em sua 13ª edição, o Festival Literário Internacional de Araxá (Fliaraxá) homenageia a escritora ruandesa Scholastique Mukasonga. Traduzida para mais de 20 idiomas, ela é autora de uma obra forte, sensível e tocante que denuncia violações aos direitos humanos. Scholastique participa da programação presencial do festival, que ocorre na cidade mineira entre 1 e 5 de outubro,, com entrada franca. Scholastique Mukasonga é uma escritora ruandesa de expressão francesa, nascida em 1956, na cidade de Gikongoro. Ela emigrou de Ruanda em 1992, dois anos antes do genocídio dos tutsis – etinia a qual a autora pertence -, para se estabelecer na França, onde vive. Em abril de 1994, já casada e mãe de dois filhos, Scholastique sofreu à distância com a perda de seus familiares no genocídio causado por extremistas do grupo étnico hutu. Ela dá voz à dor e à perda que vivenciou em romances como “Nossa Senhora do Nilo” e “A mulher de pés descalços”, no qual a autora rememora e homenageia sua mãe, Stefania. Também no livro “Baratas”, Scholastique explora, de maneira pungente e sem concessões, o surgimento e as consequências catastróficas dos genocídios. Através de um relato autobiográfico que une memória coletiva e individual, Scholastique evoca o longo e doloroso processo de aniquilamento do indivíduo: as pequenas humilhações cotidianas, o medo e a política segregacionista de erradicação de uma população submetida a condições desumanas. “Baratas” revela ainda o olhar indiferente da comunidade internacional frente às violações aos direitos humanos em Ruanda. Vencedora do Prêmio Renaudot e finalista do National Book Award, Scholastique teve seus livros traduzidos para mais de vinte idiomas. Sua obra foi publicada na França pela prestigiosa editora Gallimard. No Brasil, a obra de Scholastique têm sido publicada desde 2017 pela Editora Nós, que lançou ainda outros títulos da autora, como “Kibogo subiu ao céu” e “Um belo diploma”. Sobre o 13º Fliaraxá O 13º Fliaraxá acontece no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá, e conta com mesas de conversa com escritores, lançamentos de livros, prêmio de redação, atividades para as crianças, apresentações musicais, entre outros. Todas as atividades do festival são gratuitas. Há 13 anos, a CBMM apresenta o Fliaraxá – Festival Literário Internacional de Araxá, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com a parceria da Bem Brasil e apoio cultural Centro Cultural Uniaraxá, TV Integração e Academia Araxaense de Letras. Serviço: 13º Festival Literário Internacional de Araxá (Fliaraxá) De 1 a 5 de outubro, de quarta-feira a domingo Local: programação presencial no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá (Av. Ministro Olavo Drummond, 15 – São Geraldo), e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliaraxa Entrada gratuita Próximo artigo: BRASIL: Literatura africana em sala de aula: uma proposta didática Próximo